O mercado de derivativos nos Estados Unidos é um dos mais desenvolvidos e influentes do mundo. Com uma grande variedade de produtos e estratégias, ele oferece diversas oportunidades para investidores e empresas que buscam proteger suas operações, especular em busca de lucros ou aproveitar diferenças de preço.
Mas o que exatamente são os derivativos, e por que tantas pessoas e empresas investem neles? Neste guia, vamos entender o que são os derivativos, os principais motivos para investir neles e os tipos de derivativos mais comuns no mercado dos EUA.
Afinal, o que são derivativos?
Derivativos são contratos financeiros cujo valor é baseado em um ativo subjacente, como ações, commodities, moedas, taxas de juros ou índices. Em vez de comprar ou vender o ativo em si, os investidores compram ou vendem o direito de negociar o ativo a um preço pré-determinado em uma data futura.
Esse tipo de contrato permite que as partes envolvidas “apostem” ou se protejam contra variações de preço no ativo em questão. No mercado dos EUA, os derivativos são amplamente usados por investidores individuais, empresas e instituições financeiras como bancos e fundos de investimento.
O objetivo de cada investidor pode variar de acordo com o seu perfil e estratégia, mas geralmente há três principais razões para investir em derivativos: proteção, especulação e arbitragem.
Principais motivos para investir em derivativos
Investir em derivativos pode parecer complexo, mas as motivações principais costumam ser bem diretas. Vamos ver abaixo alguns detalhes de cada uma das razões pelas quais investidores e empresas usam esses contratos.
Proteção
Uma das principais razões para o uso de derivativos é a proteção contra flutuações de preço de um ativo. Isso é especialmente útil para empresas que lidam com matérias-primas ou moedas estrangeiras.
Imagine, por exemplo, uma empresa americana que importa aço do exterior e, portanto, está sujeita a variações do preço do aço e das taxas de câmbio. Para evitar prejuízos causados por uma alta inesperada do preço, a empresa pode usar derivativos para “travar” o preço do aço e, assim, se proteger de uma possível alta.
Esse tipo de proteção é conhecido como hedge e ajuda as empresas a planejarem melhor suas despesas e receitas, sem a preocupação de oscilações que podem prejudicar o orçamento.
Especulação
A especulação é outra motivação comum para investir em derivativos. Especuladores são investidores que buscam lucros com as variações de preço dos ativos. No caso dos derivativos, eles assumem uma posição comprada (apostando que o preço vai subir) ou vendida (apostando que o preço vai cair) em relação ao ativo subjacente. Se acertarem, podem obter ganhos significativos sem a necessidade de possuir o ativo real.
Por exemplo, um investidor que acredita que o preço do petróleo vai subir nos próximos meses pode comprar um contrato futuro de petróleo a um preço atual. Se o preço subir, ele poderá vender esse contrato a um preço maior, lucrando com a diferença.
Arbitragem
Arbitragem é uma estratégia que aproveita as diferenças de preço de um mesmo ativo em diferentes mercados. Investidores que fazem arbitragem compram o ativo onde ele está mais barato e vendem onde ele está mais caro, lucrando com essa diferença.
No mercado de derivativos, a arbitragem é possível quando há variações de preço entre contratos futuros e o ativo real, ou até entre contratos semelhantes em mercados distintos. Essa prática ajuda a equilibrar os preços e torna o mercado mais eficiente.
Principais tipos de derivativos
Agora que entendemos os motivos para investir em derivativos, vamos falar sobre os principais tipos de derivativos que existem no mercado americano. Cada tipo de derivativo possui características específicas, e é importante conhecê-las antes de decidir qual tipo é mais adequado para cada objetivo de investimento.
Contratos futuros
Contratos futuros são um dos tipos de derivativos mais conhecidos, pois eles representam um acordo entre duas partes para comprar ou vender um ativo a um preço específico em uma data futura.
No mercado de futuros, os contratos são padronizados e negociados em bolsas, como a Chicago Mercantile Exchange (CME) nos Estados Unidos. Isso significa que os detalhes do contrato, como quantidade e data de vencimento, são definidos pela bolsa.
Os futuros são amplamente utilizados tanto para proteção quanto para especulação. Já vimos acima, mas aqui vou te dar outro exemplo: um agricultor que produz milho pode usar contratos futuros para vender sua produção a um preço fixo antes da colheita, se protegendo contra a possibilidade de queda de preços. Ao mesmo tempo, um investidor pode comprar futuros de milho esperando uma alta nos preços para lucrar com essa diferença.
Contratos a termo
Os contratos a termo são semelhantes aos contratos futuros, mas possuem uma diferença importante: eles são negociados diretamente entre as partes, sem a padronização das bolsas. Isso permite maior flexibilidade em relação ao tamanho do contrato e à data de vencimento, mas também aumenta o risco, pois as partes precisam confiar uma na outra para honrar o contrato.
Devido à falta de padronização, os contratos a termo são geralmente usados por empresas e investidores institucionais, que têm objetivos específicos e exigem um nível de personalização que os contratos futuros padronizados não oferecem. Esses contratos são populares para proteger operações, como compras de matérias-primas, em que é necessário garantir preços estáveis.
Opções
As opções são derivativos que conferem ao comprador o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender um ativo a um preço predeterminado, conhecido como preço de exercício, antes ou na data de vencimento do contrato. Existem dois tipos principais de opções: as de compra (call) e as de venda (put).
- Opções de compra (call): conferem ao comprador o direito de adquirir o ativo ao preço de exercício. São usadas por investidores que esperam que o preço do ativo suba.
- Opções de venda (put): conferem ao comprador o direito de vender o ativo ao preço de exercício. São usadas por investidores que esperam que o preço do ativo caia.
As opções são versáteis e oferecem muitas estratégias para diferentes cenários de mercado. Além de serem usadas para especulação, as opções podem ser usadas como proteção, permitindo que os investidores estabeleçam um limite de perda em seus investimentos.
Swaps
Swaps são acordos entre duas partes para trocar fluxos de caixa em uma data futura. O tipo mais comum de swap é o de taxa de juros, no qual uma parte concorda em pagar uma taxa de juros fixa enquanto recebe uma taxa de juros variável da outra parte. Esse tipo de derivativo é amplamente usado por empresas para administrar o custo de seus financiamentos.
Por exemplo, uma empresa com um empréstimo a taxa variável pode celebrar um swap para trocar essa taxa variável por uma taxa fixa, se protegendo contra o aumento das taxas de juros.
Além de swaps de taxa de juros, existem também swaps de moeda e de commodities, que permitem a troca de fluxos de caixa em diferentes moedas ou baseados em preços de commodities.
Conclusão
O mercado de derivativos nos EUA é complexo, mas oferece inúmeras oportunidades para investidores e empresas de todos os portes. Os derivativos permitem que investidores protejam seus ativos, especulem em busca de lucros e explorem diferenças de preço entre mercados.
No entanto, como qualquer instrumento financeiro, os derivativos exigem conhecimento e planejamento. Portanto, compreender os principais tipos de derivativos e seus usos é fundamental para aproveitar as vantagens desse mercado com segurança e eficiência.
A escolha do derivativo certo depende dos objetivos de cada investidor. Por isso, é sempre recomendável estudar o mercado e, se necessário, buscar orientação de especialistas antes de começar a investir.