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Taxas de juros nos investimentos

Um dos termos mais ouvidos por quem investe no mercado financeiro é “taxa de juros”. O poder que esse índice tem de influenciar a estrutura econômica e financeira de um país é enorme já que ele define o valor do dinheiro no tempo. Por isso, esse número é acompanhado tão de perto e faz parte de todas as conversas do meio.

Mas você sabe o que é a taxa de juros? Você consegue interpretar com facilidade esse número para tomar decisões relacionadas ao bom desempenho da sua carteira de investimentos?

Nesse artigo vamos te apresentar os conceitos relacionados à taxa de juros, o que acontece na economia e no mercado financeiro quando ela aumenta ou diminui e o que você precisa ficar de olho para garantir que os seus investimentos não sintam o impacto da variação dessa taxa de forma negativa.

O que é taxa de juros?

A taxa de juros nada mais é do que a relação entre valores pagos e recebidos no fim de um período pré-acordado. Esse conceito é utilizado na imensa maioria dos países há muito tempo como forma de pagamento pelo empréstimo de determinada quantia, além de ser a estratégia dos governos para incentivar ou reprimir a demanda de uma economia.

A taxa de juros é usada para remunerar o dinheiro ao longo do tempo. Assim, ela serve de incentivo para que quem tem dinheiro sobrando não o deixe parado e decida emprestá-lo. Por exemplo, uma taxa de juros de 20% ao ano indica que para cada unidade monetária aplicada, um adicional de 0,20 deve ser retornado após um ano, como remuneração pelo uso daquele capital.

Nos investimentos, os juros são os rendimentos pagos pelo emissor da aplicação ao investidor, que pode ser uma pessoa física ou jurídica. Já para os empréstimos e financiamentos, os juros representam o custo daquele crédito.

Normalmente, as taxas de juros são apresentadas em porcentagem anual, mas também podem ser encontradas com bases semestrais, mensais e até diárias.

Por que as taxas de juros sobem e descem?

A taxa básica de juros de um país é um importante indicador econômico e serve como referência para diversos tipos de operações financeiras. O banco central utiliza a taxa básica de juros como principal ferramenta para o controle de moeda em circulação na economia; ou seja, para o controle da inflação.

Quando a inflação está abaixo do desejado, considerando a meta de inflação, o banco central tende a reduzir os juros. Juros baixos barateiam o crédito, incentivam o consumo e aquecem a economia, elevando a pressão sobre os preços de bens e serviços na economia.

Por outro lado, quando a inflação está acima do desejado, o banco central tende a elevar os juros, seguindo no efeito oposto e reduzindo o consumo de bens e a demanda por crédito. A lógica por trás disso é bem simples: com os juros mais altos, os empréstimos ficam mais caros e a procura por bens e serviços também diminui.

O efeito da elevação ou redução da taxa de juros será sentido na economia por diferentes “caminhos” – os chamamos canais de transmissão da política monetária.

·    Crédito: A taxa básica de juros é o custo de referência dos bancos. Quando a taxa de juros cai, bancos tendem a reduzir as taxas para seus empréstimos e financiamentos, estimulando a demanda por crédito, que por sua vez tende a elevar o consumo, a atividade econômica e os preços;

·       Poupança e investimento: A taxa básica de juros é referência para outras taxas da economia. Quando ela é alterada, a propensão dos consumidores de consumir e poupar é alterada por conta do retorno do mercado de capitais e do custo de tomar crédito para consumir;

·   Câmbio: A taxa de juros está profundamente associada ao nível da taxa de câmbio, uma vez que um aumento (ou redução) no diferencial de juros em relação aos juros de outras economias provoca entrada (ou saída) de capitais. Com mudanças na taxa de juros, preços de bens importados variam, provocando mudanças na inflação;

·       Expectativas: Uma vez que ocorra alteração na direção da política monetária, os agentes da economia ajustarão imediatamente suas expectativas para o futuro, provocando mudanças no padrão de consumo e investimento antecipando o efeito sobre a economia real;

·    Riqueza: Alterações na taxa de juros provocam variação nos preços de ativos. Uma redução de juros tende a provocar aumento no valor presente dos ativos, o que se traduz em um aumento do poder de compra das famílias.

Contexto atual da taxa de juros dos EUA

O mercado de crédito e as taxas de juros podem variar muito de país para país e até de região para região. Nos países desenvolvidos, de forma geral, as taxas de juros costumam ser reduzidas. Entretanto, atualmente, os Estados Unidos estão enfrentando um período incomum de inflação muito elevada. 

A pandemia iniciada em 2020 gerou gargalos significativos nas cadeias de produção globais, restringindo a oferta de bens e serviços. Além disso, o governo norte americano disponibilizou uma grande quantidade de dinheiro na economia para proteger os mais vulneráveis durante a pandemia, impulsionando o poder aquisitivo da população. 

As restrições do lado da oferta combinada com uma demanda agregada mais forte fizeram os preços de bens e serviços começarem a subir consideravelmente. Esse problema foi elevado também com a guerra na Ucrânia em 2022, que provocou uma alta substancial dos preços de produtos energéticos e agrícolas mundialmente.

Nesse contexto, o Federal Reserve (Fed) foi forçado a reagir à alta da inflação e começou a subir os juros em março de 2022. Desde então, o banco central americano adotou uma conduta bastante agressiva de aperto monetário em um ritmo forte de elevação de juros e sem precedentes. Assim, o limite superior da taxa Fed Funds foi de 0,25% para os atuais 5,50%.

Taxa de Juros dos EUA (2019 – 2023)

Fonte: Federal Reserve. O Banco Central dos EUA fez 11 aumentos consecutivos na taxa de juros desde 2022 como forma de desacelerar a inflação. Esse nível de juros é considerado bastante restritivo para o país.

Para a próxima reunião, que acontecerá dia 20 de setembro, mais de 80% do mercado acredita que o FED não irá elevar novamente a taxa de juros, mantendo a faixa atual entre 5% a 5,25%. A economia dos EUA ainda está aquecida, principalmente com os consumidores gastando muito, mas a situação inflacionária já está bem melhor em comparação com o ano anterior.

Com essa perspectiva de pausa nos aumentos de juros, o mercado de ações é impulsionado para cima, visto que o mercado sempre antecipa os movimentos.

Relação entre os juros e os investimentos

É muito importante entender qual a relação da taxa de juros com os investimentos, principalmente para que você possa entender, e até se proteger, das oscilações na sua carteira de investimentos.

Os investimentos de renda fixa, especificamente, são mais influenciados pela taxa de juros, porque funcionam como empréstimos. A rentabilidade desses investimentos está atrelada diretamente à taxa de juros e o valor dos títulos também. Se você comprar um título por US$100,00 com a taxa de juros a 4% e, um mês depois a taxa de juros subir para 4,5%, esse título vai ter uma queda no valor. Isso acontece porque ele se torna menos atraente em comparação com os outros títulos, que agora estão pagando 4,5%.

Com juros altos nos EUA, os treasury bonds, corporate bonds, CDs e ETFs de renda fixa podem ser interessantes, tanto para quem quer ficar com os títulos até o vencimento quanto para quem decidir vendê-los assim que os juros começarem a cair, aproveitando dessa forma os ganhos da marcação a mercado.

Como a taxa de juros afeta a bolsa de valores?

E as taxas de juros também afetam a bolsa de valores. Mesmo que historicamente a renda variável traga retornos mais expressivos do que qualquer outra aplicação financeira, em períodos de incerteza econômica, os investidores tendem a buscar a segurança de ativos considerados livres de risco – como é o caso dos investimentos em renda fixa.

Quando compramos ativos de renda variável, é assumido um certo risco quanto aos resultados deles no longo prazo e, portanto, espera-se retornos mais elevados em troca desse risco. O retorno mais alto em relação às taxas de juros é o prêmio de risco da renda variável.

Entretanto, como mencionamos acima, o aumento da taxa eleva os juros dos títulos de renda fixa. Quando isso acontece, o investidor acaba não se dispondo a aceitar o prêmio de risco oferecido pelas ações, já que pode obter rentabilidade equivalente na renda fixa. Isso faz os investidores venderem suas ações e alocar o capital em renda fixa.

E existem alguns setores que sofrem bastante com o aumento da taxa de juros, como varejo e tecnologia, por exemplo. Esses setores sentem uma redução nas vendas, já que, na maioria dos casos, são gastos discricionários e que, com os juros altos, não são prioridade do consumidor. A construção civil também sente os impactos já que a taxa de financiamento mais alta tende a pesar mais no bolso dos clientes.

Ainda assim, outros setores se beneficiam com a variação da taxa de juros para cima. O setor bancário é um desses. Isso acontece porque os bancos conseguem aumentar o “spread bancário” nas transações de crédito, ou seja, cobrar mais juros pelo dinheiro emprestado aos clientes.

Outro setor é o de seguros. As seguradoras conseguem aplicar o dinheiro das prestações pagas pelos clientes quando contratam um seguro. Com o dinheiro alocado com taxas mais altas, as empresas conseguem retorno financeiro maior até do que o próprio resultado operacional delas.

Mas no geral, a bolsa de valores como um todo é impactada negativamente com taxas de juros mais altas. Além da renda fixa se tornar mais atrativa, as dívidas das empresas se tornam maiores, o que aumenta o risco de se investir nas mesmas e isso reduz a expectativa dos investidores em relação ao preço das ações.

Nos EUA, a decisão do Fed em manter a taxa básica de juros acima de 5% abre as portas para mais aportes na renda fixa do país, além da oportunidade de aportes na renda variável por preços bem mais acessíveis já que os investidores estão migrando para a renda fixa nesse momento de encolhimento da economia americana.

O nosso conselho é que você nunca siga a manada em momentos de queda na bolsa. Se está todo mundo alocando o capital em renda fixa e as ações estão caindo, é sua oportunidade de pagar muito mais barato pelas empresas e depois de uns meses esbanjar um retorno absurdamente maior em comparação com o investidor de renda fixa.

O ideal é que o investidor possa aproveitar o melhor dos dois mundos, ou seja, diversificar sua carteira em ativos de renda fixa e renda variável.

Perguntas frequentes sobre taxa de juros nos investimentos

O que são as taxas de juros?

É o preço do “aluguel” do dinheiro por um determinado prazo. No setor financeiro trata-se da remuneração cobrada pelo empréstimo de dinheiro aos clientes, mas também é usada na economia como ferramenta para o controle de moeda em circulação na economia; ou seja, para o controle da inflação.

Por que os juros sobem e descem?

Porque são eles que balizam a atividade econômica e a inflação. Quando a economia está mais lenta e a inflação está baixa, a taxa de juros é reduzida para baratear o crédito e estimular o consumo. Porém, se a economia está aquecida demais e a inflação dispara, a taxa de juros é elevada para segurar o consumo e os preços.

Onde é melhor investir com os juros altos?

No curto e até médio prazo a renda fixa se torna mais interessante já que ela é orientada pela taxa de juros. Entretanto, quando os juros estão mais altos, há uma ótima oportunidade de adquirir ativos de renda variável por preços bem menores visando a valorização dos mesmos no médio e longo prazo. Por isso é tão importante ter uma carteira de investimentos diversificada.

Sumário

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Leo Fittipaldi
Leo Fittipaldi
Fundador da Dolarame e analista de investimentos certificado (CNPI 3214). Já foi analista de risco na maior Asset do Brasil, atuando em fundos de investimentos com alguns bilhões de reais sob gestão. Atualmente é um dos maiores especialistas em investimentos internacionais do país.

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